domingo, 12 de agosto de 2012

Terra agrícola do noroeste é a mais valorizada do Paraná



Os bons preços alcançados pela soja no mercado externo nos últimos anos e a possibilidade de o milho safrinha, que começa a ser colhido, chegar a preços recordes depois que uma das maiores secas dos últimos 100 anos arrasou a safra de milho dos Estados Unidos, já mostram reflexos nos valores das terras agrícolas do Paraná, sobretudo na faixa de terra roxa.
De acordo com levantamento realizado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o hectare (10 mil metros quadrados) na região de Maringá – que até o ano passado tinha as terras mais caras do Paraná - teve uma valorização em torno de 10% em um ano, porém, na região de Campo Mourão, onde mais se produz soja no Paraná, o preço da terra deu o maior salto desde que soja e milho passaram a ser a base da agricultura do Estado. Em Campo Mourão a valorização foi de 47% em relação aos preços praticados em 2011 e em Peabiru chegou a 89%, uma marca que o Deral considerou histórica. O hectare que no ano passado poderia ser vendido a R$ 20 mil, neste já está chegando a R$ 38 mil, o mais caro do Paraná.
O que causou surpresa aos técnicos da Secretaria da Agricultura foi o caso de Cascavel, que também tem terra roxa, porém os preços da terra caíram quase 1% em um ano. Em outros municípios da região de Cascavel as variações para cima foram pequenas.
De acordo com os técnicos Edilson Souza e Silva e Luiz Coelho, do Deral em Campo Mourão, os valores médios regionais são resultado de pesquisa de campo, onde foram ouvidos proprietários rurais, cooperativas e corretores de imóveis, havendo a necessidade de pelo menos um negócio ter sido concretizado. Segundo os técnicos, algumas propriedades podem valer muito mais do que o valor médio resultante na pesquisa, dependendo de sua localização, qualidade da terra e das benfeitorias existentes.
"Na região de Maringá possivelmente a valorização tenha sido pequena porque os preços do hectare já estavam altos no ano passado, mas em Peabiru a terra estava mais barata e se valorizou devido à grande procura", diz a corretora Cleonice Santos, há 18 anos sócia da Imobiliária Peabiru. "Como nesta região os valores ainda estavam baixos, muitos plantadores de soja estão tentando comprar terras por aqui e essa é uma das razões da alta". Segundo ela, apesar do aumento da procura, poucos negócios acontecem, já que "quem tem não quer vender".
O corretor Abreu Antonio, da Imobiliária Tapowik, de Campo Mourão, cita a força das cooperativas Cocamar e Coamo na valorização das terras na mancha roxa do noroeste paranaense. Segundo ele, com a garantia de venda da soja e do milho e mais a assistência que as cooperativas oferecem aos produtores, planta-se cada vez mais soja e milho. "Como nos últimos anos essas culturas alcançaram preços recordes, as terras subiram junto". Segundo ele, a soja é a moeda básica para os produtores. "Nesta região um alqueire (24.200 metros quadrados) vale 1.500 sacas de soja. Quando o preço do produto está alto, a terra está valorizada, quando está baixo o preço da terra cai, mas ninguém vende esperando a safra seguinte".
De acordo com o levantamento que o Deral realiza há 15 anos por meio de sua Divisão de Estatística Básica em todas as regiões do Paraná, as terras sofreram uma forte valorização, no período de 1998 a 2004. A partir daí, houve uma queda, por causa de problemas que atingiram a agricultura brasileira, e só agora os preços estão voltando à normalidade. Nas localidades de terra arenosa, como Paranavaí e Paranacity, por exemplo, até o ano passado o valor do hectare era inferior ao praticado em 2004. Hoje, um hectare de Peabiru custa quase cinco vezes mais do que um em Paranavaí.
Preço da terra agrícola Valor em (R$) - por hectare
Município
Tipo de Terra
Classe / Grau
1998
2011
2012
Ângulo
Roxa
Mecanizada
3.000
18.500
22.000
Astorga
Roxa
Mecanizada
2.850
18.500
22.000
Atalaia
Roxa
Mecanizada
1.850
16.000
18.500
Colorado
Roxa
Mecanizada
2.600
14.000
17.000
Doutor Camargo
Roxa
Mecanizada
3.200
18.500
22.000
Floraí
Roxa
Mecanizada
2.850
18.500
22.000
Floresta
Roxa
Mecanizada
3.500
26.600
30.000
Flórida
Roxa
Mecanizada
2.800
16.000
18.500
Iguaraçu
Roxa
Mecanizada
2.800
18.500
22.000
Itaguajé
Roxa
Mecanizada
2.600
14.000
17.000
Itambé
Roxa
Mecanizada
2.900
18.500
22.000
Ivatuba
Roxa
Mecaniza
3.600
26.600
30.000
Lobato
Roxa
Mecanizada
2.600
16.000
18.500
Mandaguaçu
Roxa
Mecanizada
2.800
18.500
22.000
Mandaguari
Roxa
Mecanizada
2.600
18.500
22.000
Marialva
Roxa
Mecanizada
3.200
26.600
30.000
Maringá
Roxa
Mecanizada
3.600
30.000
33.000
Mecanizável



Não mecanizável
1.500
15.000
16.000
Inaproveitáveis


3.300

Mista
Mecanizada
2.300

20.500
Mecanizável



Não mecanizável
1.400

9.000
Inaproveitáveis


2.200
Munhoz de Mello
Roxa
Mecanizada
2.600
16.000
18.500
Nossa Senhora das Graças
Roxa
Mecanizada
2.600
14.000
17.000
Nova Esperança
Roxa
Mecanizada
2.900
16.000
18.500
Ourizona
Roxa
Mecanizada
3.100
26.600
30.000
Paiçandu
Roxa
Mecanizada
2.300
30.000
33.000
Paranacity
Mista
Mecanizada
1.600
7.025
7.727
Presidente Castelo Branco
Roxa
Mecanizada
2.600
16.000
18.500
Santa Fé
Roxa
Mecanizada
2.600
16.000
18.500
Santa Inês
Roxa
Mecanizada
2.600
14.000
2.500
Santo Inácio
Roxa
Mecanizada
2.500
14.000
13.430
São Jorge do Ivaí
Roxa
Mecanizada
3.600
26.000
30.000
Sarandi
Roxa
Mecanizada
36.000
30.000
33.000
Uniflor
Roxa
Mecanizada
26000
16000
18.500

Preços em outras regiões do Paraná, em R$
Município
Tipo
Classe
1998
2011
2012
Campo Mourão
Roxa
Mecanizada
3.720
25.300
37.372
Cascavel
Roxa
Mecanizada
3.719
28.100
27.900
Londrina
Roxa
Mecanizada
2.740
9.600
11.000
Curitiba
Mista
Mecanizada
4.100
19.339
21.281
Paranavaí
Arenosa
Mecanizada
1.650
5.740
8.250
Fonte: Divisão de Estatística Básica do Deral

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