


Papa pede para cristãos assumirem postura missionária; próxima JMJ será na Polônia
Francisco pediu coragem aos jovens para levar
os valores da Igreja às "periferias existenciais" e aos indiferentes à
religião. Cracóvia receberá a Jornada em 2016
28/07/2013 | 09:51 | Gazeta do Povo, com informações de Agência Estado e Agência Brasil
atualizado em 28/07/2013 às 14:19
O papa Francisco anunciou na manhã deste domingo (28), durante a
Missa do Envio, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que a cidade de
Cracóvia, na Polônia, será a sede da
Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2016.
Veja fotos da celebração em Copacabana
Condições precárias não afastam os peregrinos de Copacabana
Na praia, que recebeu cerca de 3 milhões de peregrinos, Francisco
pediu à multidão que não fique "trancafiada" e assuma uma postura
missionária
e de fortalecimento da Igreja, em especial na América Latina. Segundo o
papa, esta missão "é uma ordem, sim, mas não nasce da vontade do
domínio ou do poder; nasce da força do amor".
Como em outros discursos feitos em seis dias de viagem ao Brasil, o
pontífice pediu "coragem" aos jovens para levarem os valores da Igreja
às "periferias existenciais"
e aos indiferentes à religião. O pontífice reforçou várias vezes o tema
da Jornada. "Mas atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se
tiverem tempo, mas 'Ide e fazei discípulos entre todas as nações'".
O papa retomou a preocupação com o distanciamento da Igreja dos fiéis
e pediu que os jovens, em grupo, propaguem os valores cristãos. "A
experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês e
no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês.
Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde" disse o papa para os
milhares de jovens, muitos deles cansados, porém, muito animados e
comovidos, depois da passarem a noite na praia.
"De forma especial, queria que este mandato de Cristo, 'ide',
ressoasse em vocês, jovens da América Latina, comprometidos com a missão
continental promovida pelos bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo
precisa de Cristo! Não tenham medo de levar Cristo a todos os
ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais
distante, mais indiferente".
Francisco citou o padre José de Anchieta, que "partiu em missão
quando tinha apenas 19 anos. Sabem qual é o melhor instrumento para
evangelizar os jovens? Outro jovem.
Levar o Evangelho é levar a força de Deus para extirpar e destruir o
mal e a violência, para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da
intolerância e do ódio para construir um mundo novo", afirmou.
Chimarrão e flash mob
O pontífice chegou por volta de 9h30 à praia e tomou chimarrão no
papamóvel. Milhares de peregrinos acamparam na praia. Estão presentes a
presidente Dilma Rousseff, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o
presidente da Bolívia, Evo Morales.
Da sacristia montada no palco Praia de Copacabana, o papa Francisco
assistiu ao que a organização da Jornada Mundial da Juventude apresentou
como "o maior flash mob do mundo". Trata-se de uma dança coreografada
seguida pela multidão que aguardava o início da missa de encerramento. A
dança foi encenada também pelos bispos e cardeais que já estavam no
palco. Padres, freiras e leigos dançaram animadamente.
Prevista para ser realizada inicialmente em Guaratiba, a missa deste
domingo teve de ser alterada por causa do lamaçal no Campus Fidei. Após a
Missa de Envio, o papa fará a Oração de Ângelus, ao meio-dia, também em
Copacabana.
Às 16 horas, Francisco se reunirá com bispos da Conferência Episcopal
Latino-Americana (Celam), no Centro de Estudos do Sumaré, onde ficou
hospedado durante sua passagem pelo Rio. Ainda antes de embarcar de
volta para Roma, na Base Aérea do Galeão, no fim da tarde, o santo padre
terá um encontro com voluntários da Jornada Mundial.
Resistentes na praia
Com a temperatura variando entre 15 e 17 graus centígrados, os fiéis
que participaram da vigília durante a noite amanheceram na Praia de
Copacabana. Às 7h30, a orla, sobretudo no trecho em frente ao Copacabana
Palace, já estava tomada de fiéis que se procuravam o melhor lugar para
assistir à missa. Às 8h, todos os acessos à Avenida Atlântica estavam
fechados para o tráfego de veículos.
Além do frio, o desafio para quem pernoitou na praia foi encontrar um
banheiro livre. As filas de peregrinos em busca de um banheiro para
usar estão imensas em frente a igrejas, padarias e lanchonetes de redes
internacionais.
Durante a madrugada a espera por um banheiro químico chegou a até
três horas, contam os peregrinos. “Só conseguimos usar um banheiro
porque, depois de três horas de espera, decidimos pagar”, disse a
peregrina Ana Carolina Souza Norberto, de 19 anos, do interior do estado
do Rio. “A gente acordou com muito mais vontade de fazer xixi do que de
tomar café da manhã”, desabafou Ludmila Paula Viegas, de 22 anos,
Brasília.
Na manhã deste domingo, o mau cheiro ao redor dos banheiros químicos
incomoda os peregrinos. Quem está na fila para usá-los tampa o nariz
com blusas ou outros apetrechos. A Avenida Atlântica e o calçadão da
praia de Copacabana amanheceram cobertos de folhetos. Garis chegaram
cedo ao bairro para varrer o local.
Entre os peregrinos, a dona de casa Iraí Rodrigues, de 71 anos,
acompanhou os jovens da comitiva de Porto Velho (RO) na qual ela veio ao
Rio e passou a noite dormindo na calçada em Copacabana, durante a
vigília da JMJ. Ela disse ter dormido mal, mas garantiu que valeu a
pena. "O pior é o chão duro, porque o colchonete não resolve o problema.
Mas eu faria de novo, só para poder ver o papa outra vez".
A primeira edição oficial da JMJ foi realizada em
Roma, em 1986.
Buenos Aires,
na Argentina, terra do papa Francisco, recebeu, em 1987, a primeira
jornada fora de Roma, como lembrou o pontífice em um dos seus discursos
no Brasil. O evento do Rio de Janeiro é a 28ª edição da Jornada Mundial
da Juventude e termina neste domingo.