
Fernandão, ídolo do Internacional, morre em acidente de helicóptero
Ex-atacante tinha 36 anos e, acompanhado de quatro pessoas, caiu com a aeronave às margens do rio Araguaia, em Goiás
O ex-atacante Fernandão, um dos maiores ídolos da história do Internacional e do Goiás, morreu por volta de 1h deste sábado, em Goiás, aos 36 anos. Fernando Lúcio da Costa voltava de sua casa em Aruanã, cidade no interior para a capital, localizada a 315km de distância. Além de Fernandão, estavam no helicóptero e não sobreviveram mais quatro amigos: Edmilson de Souza Leme (vereador de Palmeiras de Goiás), Antônio de Pádua, Lindomar Mendes Vieira (funcionário da fazenda) e o piloto, identificado como Milton Ananias.
- Infelizmente, é verdade. Fui o primeiro a saber. Me ligaram às 5h da manhã. Estavam ele e mais quatro amigos (no helicóptero), todos faleceram. É uma lástima - disse o presidente da Federação Gaúcha, Francisco Novelletto.
Helicóptero ficou complatamente destruído após o acidente (Foto: Corpo de Bombeiros de Goiás / Divulgação)
Segundo a Polícia Civil, a aeronave levantou voo da fazenda que pertencia a Fernandão por volta de 1h e caiu segundos depois sobre um banco de areia (uma pequena praia de água doce), às margens do rio Araguaia e capotou diversas vezes. O local do acidente fica a 15km do centro de Aruanã. O ex-jogador chegou a ser levado para o hospital da cidade, mas faleceu pouco depois.
- O corpo dele é o único que está no hospital. Os demais morreram no local do acidente. Nessa época é muito comum acampamento às margens do Araguaia, mas trata-se de uma região cujo acesso é mais comum por helicóptero ou barco. Ele chegou ao hospital socorrido por barco - declarou o delegado Norton Ferreira, chefe de comunicação da Polícia Civil de Goiás.
Um dos responsáveis pelo resgate, o sargento Cristiano contou o estado em que encontrou o ex-jogador.
- Ele estava inconsciente, com muita secreção nas vias aéreas por causa das hemorragias internas, múltiplos ferimentos nos membros inferiores e um ferimento na cabeça. Respirava com muita dificuldade e já no trajeto ao hospital estava em estado crítico. Infelizmente, quando chegou ao hospital veio a óbito - sargento Cristiano.
Nascido em Goiânia, Fernandão, revelado pelo Goiás, viveu suas maiores glórias no Colorado. Ganhou duas vezes o Campeonato Gaúcho e foi um dos principais nomes na conquista da primeira Libertadores do Inter, vencida em 2006. No mesmo ano ainda levantou o troféu de campeão do Mundial de clubes da Fifa. Foi capitão durante a maior parte de seus quase cinco anos de Inter.
Estreou com a camisa colorada em 10 de julho de 2004, quando Internacional e Grêmio travaram o Gre-Nal de número 360. Começou com o pé direito, já marcando seu nome na história do clube ao fechar o placar em 2 a 0, fazendo o gol de número 1000 da história do clássico. A partida foi válida pelo Campeonato Brasileiro.
(veja vídeo ao lado do gol 1000)
Foi um dos mestres de cerimônia da reabertura do Beira-Rio, realizada em 5 de abril. Ele já havia liderado a festa pela conquista da Libertadores de 2006, empunhando microfone e gritando a plenos pulmões os principais gritos da torcida colorada.
Fernandão pendurou as chuteiras em 2011 vestindo a camisa do São Paulo. Ainda defendeu os franceses Olympique de Marselha e Toulouse e o Al-Gharafa, do Catar. Tornou-se dirigente e posteriormente treinador do Colorado. Em ambas as funções não teve muito sucesso.
O ídolo iniciava nova carreira. Estreou como comentarista do Sportv no último dia 25, quando o Internacional foi derrotado por 3 a 1 pelo Cruzeiro. Faria parte do time do canal durante a Copa do Mundo.
(confira ao lado comentário feito por Fernandão do jogo entre Palmeiras e Botafogo, disputada em 28 de maio)
Mapa mostra local do acidente de helicóptero que matou o atacante Fernandão (Foto: Editoria de arte)
Helicóptero caiu na madrugada deste sábado no interior de Goiás (Foto: Divulgação )
Fernandão comemora o gol que deu o título da Libertadores (Foto: Daniel Boucinha/Divulgação Inter)
Poucos jogadores conseguiram por um clube o que Fernandão conseguiu no Inter. Foram quase todos os títulos possíveis, com a faixa de capitão no braço e a idolatria da torcida do Inter. O ex-jogador, que morreu na madrugada deste sábado em um acidente de helicóptero em Goiás, é uma das referências na história do Colorado.
Ganhou duas vezes o Campeonato Gaúcho e foi um dos principais nomes na conquista da primeira Libertadores do Inter, vencida em 2006. No mesmo ano ainda levantou o troféu de campeão do Mundial de clubes da Fifa. Foi capitão durante a maior parte de seus quase cinco anos de Inter.
Confira a trajetória do ídolo com a camisa do Inter:
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ESTREIA COM GOL MIL EM GRE-NAIS
A estreia de Fernandão com a camisa do Inter já mostrava que ali estava um jogador iluminado. O centroavante recém-chegado da Europa meteu a cabeça na bola, decretou a vitoria do Inter sobre o maior rival por 2 a 0 e, de quebra, colocou o seu nome na história ao marcar o gol mil no maior clássico do Rio Grande do Sul
Não demorou para Fernandão se tornar a referência do Inter dentro e fora de campo. E o primeiro título importante veio em 2006. O centroavante marcou gol na final da Libertadores e ergueu a taça de campeão da América, título que colocou o Inter definitivamente entre os grandes do futebol mundial.
Mesmo quando tecnicamente não ia muito bem, Fernadão mostrava que tinha muita estrela. Na final do Mundial contra o Barcelona, o capitão colorado não foi tão bem. Mas saiu e deu lugar logo para Gabiru, que entrou e marcou o gol mais importante da história do clube. Depois da vitória, coube a Fernandão erguer a taça de campeão do mundo.
A liderança de Fernandão no Inter era evidente, tanto dentro ou fora de campo. Uma prova disso aconteceu no retorno do time depois da conquista do Mundial de 2006. Em um Beira-Rio lotado, Fernandão empunhou o microfone e entoou o coro mais famoso da torcida do Inter, em uma imagem histórica: "Ôôô, vamos, vamos, Inter", gritava.
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Três gols na goleada histórica
Lembrada por atletas e dirigentes, a dedicação era marca registrada de Fernandão. Capitão nas conquistas do Mundial e da Libertadores, em 2006, o atacante demonstrou o mesmo afinco para levantar a taça do Gauchão, em 2008. Prova disso foi seu desempenho na goleada histórica por 8 a 1 sobre o Juventude, na final do estadual: fez três gols, ao seu melhor estilo, de dentro da área.
O líder que ergueu a maior taça da história do Inter deixou o clube em 2008 para retornar um ano depois, dessa vez como adversário. Um reencontro que durou apenas 12 minutos. Com a camisa do Goiás, Fernandão foi vaiado pelo torcedor e acabou expulso no início da partida, ao acertar uma cotovelada no volante Magrão. Nada que apagasse sua trajetória pelo Colorado.
A liderança como jogador levou Fernandão ao comando na casamata. Então diretor executivo do Inter, o ídolo assumiu o cargo de treinador do Inter com a saída de Dorival Júnior, em 2012. Foram quatro meses e 26 jogos – nove vitórias, oito empates e nove derrotas – e 44% de aproveitamento. Muito menos que sua história como atleta. Demitido, demonstrou, às lágrimas, seu sentimento pelo clube.
Depois da sua passagem não tão boa como dirigente e técnico, Fernandão teve a oportunidade de voltar para casa e ser ovacionado pela torcida antes da morte. Ele foi um dos destaques da festa de reinauguração do Beira-Rio, em abril deste ano.
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