quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SANTOS ATROPELA SÃO PAULO E ESTÁ NA FINAL DA COPA DO BRASIL


Escalação suicida do Tricolor ignora talentos e virtudes mais do que conhecidas do Peixe em massacre que teve liberdade ao maestro e três gols em lances semelhantes

Por São Paulo
Estamos em outubro, quase novembro. O Santos havia vencido 13 partidas consecutivas na Vila Belmiro, todas desde que Dorival Júnior foi contratado. Lucas Lima, Ricardo Oliveira e Gabriel estão nas seleções brasileiras principal e olímpica graças ao desempenho avassalador. Como se vivesse noutro planeta, o São Paulo desceu a serra e a ladeira para ser "sparring" de um treino, com escalação e (des)organização que soaram como um convite à diversão alvinegra. O menino, o maestro e o velhinho da Vila receberam de presente uma liberdade chocante. Abriram o embrulho e se lambuzaram. Em 23 minutos, o massacre foi consumado (veja os gols abaixo).

As imagens explicam como o Peixe triturou o Tricolor. Nos três gols, a mesma fórmula: roubo de bola no campo ofensivo (faltoso no segundo, diga-se), velocidade de Usain Bolt no contra-ataque contra a recomposição de tartarugas do São Paulo e Lucas Lima sempre livre (as fotos abaixo reproduzem a origem dos lances, com o meia em destaque)
No primeiro gol, ele recebe e se livra de Rodrigo Caio como se fosse profissional x base. No segundo, depois de empurrar Ganso, é como se os adversários pagassem ingresso para verem o combo "projeção + passe", mesma postura passiva de Matheus Reis, que dá a Marquinhos Gabriel espaço de sobra para fazer o que quiser com a bola. Quis fazer um golaço.
Lucas Lima gol Santos São Paulo (Foto: Arte: GloboEsporte.com)Lucas Lima recebe livre antes de passar por Rodrigo Caio: todos os adversários no ataque (Foto: Arte: GloboEsporte.com)
Lucas Lima gol Santos São Paulo (Foto: Arte: GloboEsporte.com)Lucas Lima tem a bola no campo de defesa. Até virar para Marquinhos Gabriel, já no setor ofensivo, ninguém o acompanhou. Mais uma vez, o São Paulo estava postado completamente na frente (Foto: Arte: GloboEsporte.com)






Lucas Lima gol Santos São Paulo (Foto: Arte: GloboEsporte.com)Lucas Lima vai receber na esquerda. Livre. No meio, quatro rivais não marcam ninguém (Foto: Arte: GloboEsporte.com)
No terceiro, o camisa 20, vale repetir, jogador da Seleção, recebe na esquerda e corre, corre, corre... Poderia ter andado que ninguém chegaria. O passe para o centroavante – que também é da Seleção – foi preciso como de costume. Na origem dos três lances, todos os jogadores do São Paulo estavam no campo de ataque, o que indica: a compactação tão pregada por Doriva não vale nada sem temperos como treino, organização, sincronia de movimentos.
Pensar que a melhor maneira de vencer o Santos na Vila seria encher o time de atacantes mostrou-se mais que um erro, uma ingenuidade. Os rapazes de branco treinados por Dorival transformaram suas jogadas num manual: 1) Lucas Lima perto da bola. 2) Com ela nos pés do meia, projeção nos espaços vazios (veja a movimentação do trio no vídeo abaixo).

Do momento em que recuperou a posse de bola até colocá-la na meta de Rogério Ceni, o Santos demorou 10 segundos no primeiro gol, 14 no segundo e 9 no terceiro. Um esculacho que ficou evidente a partir do minuto inicial, quando o Santos ignorou a vantagem marcando lá na frente. Num desses lances, Lucas Lima e Rogério Ceni dividiram, e o goleiro sentiu dores no tornozelo direito que o impediram de voltar para o segundo tempo (veja no vídeo abaixo).



O São Paulo entrou em campo com dois blocos. O primeiro tinha Rogério Ceni, os laterais, os zagueiros e Rodrigo Caio. O outro tinha Ganso (como volante), Michel Bastos, Pato e Alan Kardec (mais centralizado na linha de três do 4-2-3-1) próximo de Luis Fabiano. A ideia era, como na semana passada, cruzar na área e tentar aproveitar o potencial de cabeceio da dupla. Foram 21 tentativas por cima contra duas do Santos.
escalação São Paulo Santos (Foto: Arte: GloboEsporte.com)Escalação do São Paulo teve todos os "popstars" e buracos de monte no meio-campo (Foto: Arte: GloboEsporte.com)

Entre esses blocos, Thiago Maia, Renato, Lucas Lima, Gabriel e Marquinhos Gabriel só faltaram estender suas cadeiras de praia. A marcação inócua só apertou um pouco quando Wesley substituiu Luis Fabiano, ainda no primeiro tempo, mas já com 0x3. Doriva demorou a ver o óbvio: era impossível enfrentar o Santos daquela maneira. Não que o volante tenha jogado bem ou o atacante mal, mas o São Paulo passou a ter cara, ou rascunho, de time.
escalação São Paulo Santos (Foto: Arte: GloboEsporte.com)Entrada de Wesley no lugar de Luis Fabiano deu cara de time contra um Santos relaxado (Foto: Arte: GloboEsporte.com)


O segundo tempo é difícil de se analisar. Não havia mais nada a fazer, de nenhum dos lados. Dorival logo poupou Lucas Lima, pendurado, e os espaços começaram a surgir para que Michel Bastos arriscasse de fora. Primeiro ele acertou a trave (veja abaixo), depois o gol de Vanderlei.

Gol de honra? Honra é o mínimo que a torcida esperava de um time que parece vampirizado, tamanha a falta de sangue nas veias. Muito mais do que honra carrega o Santos na vibração de seus jogadores, no entendimento perfeito entre técnico e elenco, e no gosto pelo gol. A presença na final contra o Palmeiras é mais do que justa.

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