terça-feira, 28 de outubro de 2014

Falta de chuva atrasa plantio de soja no noroeste do Estado

Apenas 40% da área foi cultivada; nesta época, no ano passado, 90% já haviam sido semeados
Agricultores da região arriscam plantar no "pó"; previsão é de chover no fim de semana
O plantio da safra 2014/2015 no noroeste do Paraná parou na primeira semana deste mês por falta de chuvas e já é considerado o mais atrasado em uma década. Até hoje, a área semeada é de apenas 40%, menos da metade do previsto. No dia 28 de outubro do ano passado, os agricultores da região já haviam feito a semeadura de 90% da safra.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, o plantio só não está mais atrasado, porque os municípios que mais plantam soja na região, Floresta, Itambé, Ivatuba e Doutor Camargo, receberam chuvas normalmente desde a segunda quinzena de setembro. "Floresta abriu o plantio neste ano, com dois produtores semeando no início da segunda quinzena de setembro e de lá para cá o regime de chuvas permitiu que os demais produtores também plantassem e as plantas germinaram bem", disse o economista do Deral, Moisés Barion Bolonhez. Já nas demais áreas do noroeste o plantio esteve lento na primeira semana de outubro e praticamente parou nos últimos dias.

Em Maringá, por exemplo, foi plantado soja na região de Floriano e um pouco na Gleba Pinguim, mas na região do arenito o plantio mal chegou a 20% em municípios como Astorga, Iguaraçu, Santa Fé, Marialva e Mandaguari. E os produtores que se arriscaram a plantar sem previsão de chuvas estão preocupados, porque cerca de um terço do que foi plantado ainda não germinou.

"É um risco, mas tenho que correr", disse, ontem à tarde, o agricultor Sílvio Pereira Conceição Silva, que ontem deu início ao plantio de soja em 80 alqueires na Estrada Roseira, entre Maringá e Ângulo. Plantou no pó, com umidade do solo próxima de zero. Alguns dos vizinhos também pretendem seguir o exemplo dele ainda nesta semana. "Agora, é torcer para que chova em pelo menos dez dias", destaca. Ele ressalta que se passar mais de dez dias sem chuvas tudo o que plantou pode estar perdido.

Os institutos meteorológicos preveem chuvas na região no próximo fim de semana, mas não antecipam se serão chuvas fortes e nem se atingirão todos os municípios do noroeste. De acordo com o agricultor, é preciso que a próxima chuva seja forte e prolongada, com condições de fixar umidade no solo. "Se for chuva fraca, o grão vai germinar, mas não terá forças para brotar e continuar crescendo", avalia.

Semelhante a Conceição, a maioria dos sojicultores do noroeste do Estado pretendia concluir o plantio cerca de duas semanas atrás. Pelo zoneamento feito pelo governo, a soja pode ser plantada até o fim de dezembro, mas todos querem plantar cedo para colher logo no início de fevereiro e iniciar o plantio do milho safrinha. "Com este atraso, a soja só será colhida no fim de fevereiro e aí a janela para o safrinha já diminuiu e o milho que for plantado tarde corre o risco de ser atingido por geadas no inverno do ano que vem", lembra Moisés Bolonhez.
ESTIMATIVA
242 mil hectares
É a área a ser cultivada com soja nos 29 municípios da região de Maringá, segundo estimativa do Deral. 

ESPERANÇA. Sílvio Conceição começou a semear, na expectativa de chover em breve. —FOTO: J. C. FRAGOSO

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