domingo, 30 de dezembro de 2012

A mágoa do herói: 20 anos depois, Célio Silva se diz esquecido pelo Inter


Por Tomás HammesPorto Alegre
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Header-20ANOS_4aEstrela_INTER-3 (Foto: infoesporte)
- Alguém lembrou? Achei que ia passar batido. A direção do Inter não lembra.

A frase acima poderia ser de um jogador sem relevância, de algum torcedor, ou de um membro da oposição. Mas não é. Ela saiu da boca de um dos principais nomes da última conquista nacional do clube: Célio Silva. São 17h30m de sexta-feira, 7 de dezembro. O ex-zagueiro olha o prefixo 51 e atende o celular. Ele sabe o motivo. Afinal, foi graças a sua cobrança de pênalti(assista ao vídeo ao lado) que o time gaúcho conquistou, há 20 anos, a Copa do Brasil de 1992.

A mágoa de Célio Silva está amparada no "esquecimento" do clube por sua passagem pelo Beira-Rio. Não pela imprensa, que “sempre o procura”. Tampouco pela torcida. O alvo são os dirigentes que passaram e os que atualmente comandam o Inter.
Ele gostaria de ter uma vida mais ativa nos meandros do Colorado. O ex-camisa 3 sabe que não é o maior jogador dos 103 anos do time gaúcho. Sabe que é difícil lembrar de todas pessoas que passaram pelo Beira-Rio neste período e que mereceriam uma homenagem. Porém, entende que deveria receber um tratamento mais próximo, digno de quem tirou o clube de uma fila de 13 anos sem títulos.
- Eu nunca fui a uma festa do Inter, nunca fui convidado. O clube poderia me convidar para olhar um jogo. Eles têm condições - lamenta o ex-jogador, aos 44 anos, de seu escritório no bairro da Liberdade, na capital paulista.
Célio Silva, técnico do sub-20 do Noroeste (Foto: Alan Schneider/Globoesporte.com)Célio Célio Silva não esconde a mágoa com o Inter (Foto: Alan Schneider/Globoesporte.com)
O desejo de ser lembrado para uma festa, um jantar ou até um simples bate-papo no Beira-Rio apenas diminuiria a dor de Célio. O que gostaria de fato era uma oportunidade de trabalhar no clube, participar do dia-a-dia. E ele tem um sonho: trabalhar nas categorias de base. Após uma passagem pelo sub-20 do Noroeste, de Bauru, aguarda um convite para voltar e a ideal seria ajudar a formar e lapidar futuros craques formados no Beira-Rio.

O ex-zagueiro gostaria de ajudar o Inter. Acredita que mais profissionais com passagem pelo Beira-Rio poderiam trabalhar no processo de formação de atletas, como Clemer (técnico do sub-17), Daniel Franco (do Sub-16), Pinga (avaliador técnico). Segundo ele, serviria "até como um espelho para os garotos se superarem ainda mais". E a mágoa cresce mais por entender estar preparado para a função no time gaúcho.

Mas Célio Silva não ficou só no discurso. Há cerca de duas semanas, ele entrou em contato com o empresário Jorge Machado com um pedido do outro lado da linha: convencer a cúpula colorada e lhe dar uma oportunidade.
Eu nunca fui a uma festa do Inter, nunca fui convidado"
Célio Silva
- Eu sou especializado em base, esta é a minha praia. Eu conversei com o Machado e ele disse que o clube estava em transição e que tentaria me ajudar. Faltam mais ex-atletas na base. Eles deveriam olhar um pouco mais. Eu posso ajudar o Inter. Tenho uma identificação grande e sei que posso oferecer qualidade.

E quando fala de Inter, bate um arrependimento. O zagueiro decidiu aceitar uma proposta do Caen, da França, em 1993, e deixou o Beira-Rio. O retorno ao clube também serviria para reaver o tempo perdido na Europa.

- Hoje vejo que não deveria tido para a França. Acho que foi um erro. Quero voltar ao Inter. Eles me deram uma oportunidade lá atrás. Mas não quero ir por imposição, só gostaria de ter uma chance de trabalhar onde me identifiquei.

Célio aguarda a sua chance. Espera uma ligação. Se ela não vier com um convite de trabalho, que ao menos recrie a sintonia entre clube e o herói de uma das principais conquistas da história colorada.

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